lunes, 6 de abril de 2009

Três poemas, três personalidades... um autor

Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver.
Que hei-de fazer das coisas
Que qualquer mão pode colher?

Não quero a noite senão quando a aurora
A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora
É isso que quero possuir.

Para quê?... Se o soubesse, não faria
Versos para dizer que inda o não sei.
Tenho a alma pobre e fria...
Ah, com que esmola a aquecerei?...

Fernando Pessoa


. . .


Flores amo, não busco. Se aparecem
Me agrado ledo, que buscar prazeres
Tem o esforço da busca.
A vida seja como o sol, que é dado,
Nem arranquemos flores, que tiradas,
Não são nossas, mas mortas.

Ricardo Reis

. . .

Assim como falham as palavras quando querem exprimir
qualquer pensamento, assim falham os pensamentos
quando querem exprimir qualquer realidade.

Alberto Cairo

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